As lições de uma pandemia

Bruno Pulis
3 min readMar 22, 2020
Mão de uma pessoa aberta com um broto de uma árvore, simbolizando a esperança
Foto por Ravi Roshan em Unsplash

O mundo hoje enfrenta um inimigo silencioso e mortal, o COVID-19 ou popularmente chamado de “corona vírus”. Sua forma de contágio é brutal, governos, médicos e voluntários estão se esforçando ao máximo para tentar evitar a propagação em escala fora de controle.

A recomendação que temos é o confinamento social, ou seja, permanecer em casa até que isso passe. O período de quarentena com tempo indeterminado é meio assustador confesso, porém entendo que é realmente necessário.

No Instagram é bem nítido o desespero pelo convívio social ser restaurado para encontrar com seus amores, amigos e voltar a vida normal. Talvez a vida nunca volte ao normal, pode ser que nossa forma de conviver mude radicalmente nos próximos dias.

E se mudássemos nosso olhar?

Penso que em cada situação difícil, nós podemos ter um outro ponto de vista e retirar ensinamentos e coisas boas, afinal a vida não é um conto de fadas, mas é dura e sofrida. Estou trabalhando de casa desde semana passada e nos primeiros dias foi estranho, somente vídeo conferência sem ver ninguém.

Mas o COVID-19 tem me ensinado ironicamente sobre ter paciência. A minha vontade agora era sair voltar a minha rotina, mas isso seria estupidez.

Uma das coisas mais interessantes que tem acontecido nesse período é que voltei a escrever com maior frequência, o violão que a há tempo nem sequer pegava está mais frequente e até tenho postado alguns trechos de música no Instagram.

Essas são duas coisas que eu gosto e tenho prazer em fazer, mas o cotidiano não permite. E fiquei pensando em uma pergunta:

Quando foi a última vez que você fez algo que ama?

Talvez o COVID-19, seja um sinal para prestarmos atenção no que realmente importa, será que precisamos de fato, daqueles 900 “amigos” do Instagram? Em tempos de desespero é necessário se apegar a esperança, essa tal que nos faz viver e continuar caminhando a nossa peregrinação sem temor.

Muitas pessoas enxergam a esperança como algo abstrato e intangível, porém, ela é palpável e vívida, um soldado em uma guerra se agarra a esperança de voltar para os seus e consegue suportar mais um dia no horror da guerra. Um atleta tem esperança de superar seus limites e conquistar a tão sonhado medalha, um casal apaixonado tem a esperança de se casar e ter uma bela família.

A esperança é o que nos move e impulsa para querermos viver e celebrar o dom da vida. Mário Quintana em sua obra chamada Esperança deixa o relato magistral:

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Nova Antologia Poética”, Editora Globo — São Paulo, 1998, pág. 118.

Que sua esperança possa estar firmada em algo concreto e sólido, como diria o velho livro:

Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado;
Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.
O Senhor Deus é a minha força

Habacuque 3:17–19

Fiquem em paz, e se protejam ❤

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